Desde o início de 2020 uma pandemia de proporções ainda desconhecidas tem afetado a vida das pessoas em todo o mundo. A COVID-19, em poucos meses foi atingiu diversos países matando milhares de pessoas. Apenas nos quatro primeiros meses, infectou mais de dois milhões de pessoas e levou mais de 200.000 pessoas a óbito. Tais estatísticas são decorrentes da alta taxa de transmissão do COVID-19 e ausência de tratamentos eficazes. Diante da inexistência de vacina ou tratamento antiviral eficiente, o distanciamento social e recomendações de higiene pessoal têm sido as medidas mais adotadas globalmente. Fatores como a agilidade com que as medidas são adotas, abrangência na divulgação das ações, compreensão da comunidade acerca das ações e sua importância são cruciais para elevada adesão e eficácia destas ações. Assim, nota-se a relevância da abrangência da divulgação e clareza na mensagem das ações a serem adotadas pela população. Neste sentido, um correto alinhamento e clareza nas orientações das ações fornecidas por órgãos governamentais como as secretarias municipais de saúde e seus representantes (secretários de saúde e prefeitos), são de grande importância para informar a população sobre as ações preventivas necessárias, de maneira rápida e confiável, bem como evitar combater informações erradas ou falsas.
Sendo assim, este projeto tem dois principais objetivos: a) testar a associação de características sociodemográficas, ambientais e condições de saúde com a velocidade de transmissão e mortalidade por COVID-19 e b) analisar as ações de enfrentamento propostas pelas secretarias de saúde dos municípios durante o surto da COVID19, relacionando-as aos discursos de representantes governamentais em municípios com alta e baixa mortalidade por COVID-19. Para tal, o presente projeto está organizado em 2 etapas. A primeira etapa consistirá em um estudo com abordagem quantitativa e delineamento ecológico, no qual serão descritas as tendências de mortalidade pela COVID-19 bem como a associação de características sociodemográficas, ambientais e estrutura de saúde com a velocidade de transmissão e mortalidade nos municípios brasileiros. Na segunda etapa do projeto as ações de enfrentamento da COVID-19 nas 26 capitais estaduais mais o Distrito Federal e outros 10 municípios com maior e menor taxa de mortalidade pelo COVID-19 selecionados ao final da primeira etapa serão coletadas e descritas. O discurso dos representantes governamentais (secretários de saúde e prefeitos) frente a epidemia de COVID-19 dos municípios selecionados serão analisados utilizando análise do discurso. Será avaliada a conformidade tanto das ações como do discurso dos representantes governamentais com as orientações da Organização Mundial da Saúde e Ministério da Saúde. Por fim, as ações e o discurso dos representantes governamentais frente a epidemia de COVID-19 serão comparados entre os municípios de maior e menor taxa de mortalidade pelo COVID-19.
A presente pesquisa permitirá ampliar a contribuição das ações e alinhamento entre ações e o discurso de autoridades administrativas como representantes governamentais na adoção de medidas de enfrentamento do COVID-19. Apesar da esperança que surtos desta magnitude não voltem a ocorrer, o Brasil lida anualmente com endemias como o sarampo, malária, febre amarela, dengue e doença de Chagas as quais podem ser mais bem controladas diante de lições aprendidas em relação as estratégias de enfrentamento exitosas contra o COVID-19.